Terra Mather. Hoje tu completas 93 anos de emancipação política, que se
fez sem revolução e sem guerra.
Com a ruptura do passado e a introdução de mudanças que se aprofundam,
com tristeza constato que a minha terra, em muitos aspectos, se descobre
por subtração da sua beleza. Triste verdade que espero ser passageira.
Nunca vi a minha cidade tão decaída, tão feia e o seu povo tão infeliz.
Basta olhar no rosto de cada cidadão que veremos as mais variadas
expressões, que vão da revolta a tristeza por ver a sua terra tão
desfigurada...
Decerto não é com o desfile cívico, tampouco hasteando a bandeira que
vamos honrar a nossa Santo Estevão. A verdadeira homenagem está no
compromisso social e vontade política para diminuir a diferença entre os
poucos cada vez mais favorecidos e a maioria cada vez mais necessitada e
desprotegida.
Nesse dia festivo, em que se comemora a sua emancipação, aqui estou para
render também o meu culto a terra mãe, que embalou os meus sonhos...
Quisera ser mais artista e mais poeta para descrever o meu rincão
querido, outrora lindo e majestoso. Triste, então, estou por não ter o
que celebrar. Não me alegra ver a minha cidade padecendo por falta de
segurança e o seu povo encurralado, refém de marginais, de forma a
comprometer a sua qualidade de vida, inclusive, desencadeando distúrbios
por conta dessa violência endêmica e sem limite.
É deprimente transitar pelas ruas e contemplar a quantidade de jovens
alucinados pelos efeitos das drogas e ver mães chorando a morte dos
filhos, assassinados pelo tráfico que banalizou o crime, confiante na
impunidade.
O que se tem hoje é tão somente o calor, a brisa, as noites estreladas e
o sol poente que Deus nos deu. Somente o céu continua límpido e azul,
que nenhum artista poderia pintar com matizes tão insólitos esse
festival de cores.! O resto, em nada se renova...
Só compreende, quem por aqui viveu e conheceu os folguedos, as
quermesses, as majestosas festas de antanho; a paz que reinava na
cidade, nos permitindo dormir de portas sem tranças, não existe mais,
infelizmente...
Hoje despenteada, mal vestida e sem pintura, minha cidade tristemente
envelheceu; o seu povo maltratado, esquecido e violentado todos os dias,
não tem mais o sorriso feliz de quem vivia numa cidade que era um lindo
mosaico de cores vivas...
Que bom seria se Santo Estevão, hoje, pudesse também, se emancipar da
violência urbana; que nossos jovens se libertassem do chicote dos
traficantes que açoitam suas costas sem piedade; da politicagem sem
ética e do discurso do ódio. Quão feliz seria o povo, se os políticos
agissem de forma racional, segundo a verdade e segundo o interesse
urgente da coletividade.
A nossa gente, clama por inovação e torce para que o gestor encontre a
senda reta da prosperidade e que possa incorporar um novo conceito de
gestão para consolidar o seu slogan: "Terra da Feliz Cidade".
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. É esse o reclame
do povo ordeiro da minha terra. E, na esteira dessas considerações, o
grande Rui Barbosa ajusta-me o sentido com esta extraordinária
afirmação: A política é a higiene dos países moralmente sadios. A
politicagem, a malária dos povos de moralidade estragada.
O ideal presente para Santo Estevão nesse dia, sugiro, então, que se
faça uma rigorosa assepsia ética política, onde os princípios sejam
justos e verdadeiros, para que todos possam dizer: tenho orgulho de ser
santoestevense e morar nessa "Feliz Cidade !..
Salve, Salve, Santo Estevão!!! O teu filho te saúda.
Manoel Lobo.
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