quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

''Vou buscar todas as forças vivas da Igreja.''

O novo líder da Igreja Católica em Feira de Santana é natural de Vitória da Conquista e nasceu em 23 de janeiro de 1962. Estudou Filosofia no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília e Teologia no Instituto Teológico de Ilhéus. Após sua ordenação sacerdotal, licenciou-se em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ele também foi professor de Teologia Dogmática no Instituto Teológico de Ilhéus; Professor de Doutrina Social da Igreja no Instituto Filosófico de Vitória da Conquista;
Presidente da Comissão dos Presbíteros do Regional Nordeste III da Conferência Episcopal; participou da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano como convidado. Recém-empossado Arcebispo da Arquidiocese de Feira de Santana, pela primeira vez Dom Zanoni conversou com exclusividade com o site Bahia na Política. Falou de seus planos, da importância da unidade da Igreja, do momento difícil do país e da proposta de evangelização conforme determinado por Jesus Cristo.

Como o senhor pretende desenvolver seu episcopado na Arquidiocese de Feira de Santana?

O Ministério Episcopal, o serviço do bispo, é justamente o de confirmar os irmãos na fé, animar na esperança e fortalecer na caridade. Quero cumprir aqui o mandado de Jesus: “Ide pelo mundo e anunciai o Evangelho”. Vamos sempre buscar conhecer a realidade, tendo presente o perfil desta Igreja de Feira de Santana, vou buscar com a ajuda e colaboração dos presbíteros, religiosas, religiosos, todas as forças vivas da Igreja, não caminhar sozinho e assumir com seriedade essa missão que Jesus me confiou.

Até o momento, qual a avaliação o senhor faz da Arquidiocese?

Uma Igreja bastante viva, muitas pastorais, muitos movimentos, uma presença forte de religiosas, um clero nativo muito bem informado e eu sou chamado a dar continuidade dinâmica ao trabalho evangelizador de Dom Itamar Vian.

Percebemos que o social é uma preocupação do senhor. Como será desenvolvido o trabalho nesse segmento?

A preocupação com as pessoas, com os mais frágeis, é um projeto, um programa de vida do próprio Jesus, ele que tomou como sua missão iluminada pelo profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres, a libertação aos prisioneiros, a cura dos doentes, a recuperação de vista aos cegos”. Vamos colocar toda estrutura da Igreja, todas as nossas pastorais e movimentos a serviço do cumprimento desse propósito de Jesus, dessa ação evangelizadora.

Que avaliação o senhor faz do cenário da política brasileira?

Nós estamos em um momento de mudança, que exige de nós, que temos compreensão, uma base de fé, de valores cristãos, de justiça, de fraternidade, de participação das pessoas na democracia, nos empenhar seriamente para que esses valores não sejam jogados fora. Para que a mentalidade distorcida dos desinteresses com a causa do povo, com as lutas, com as vitórias já alcançadas sejam fortalecidas e animadas.

O senhor pretende fazer alguma mudança na Arquidiocese?

Todas as mudanças acontecem em função pastoral, é para o bem das pessoas de nossas comunidades. Cada mudança, cada transferência tem este objetivo.

Como se sente em dirigir uma Arquidiocese em seu Estado de origem?

Sinto-me desafiado. Feira de Santana é uma grande cidade, uma das maiores cidades do interior do Nordeste, maior que muitas capitais. Temos o desafio de ser uma Igreja que se preocupa com as pessoas, que evangeliza e que busca ser fiel ao mandado de Jesus, sabendo que esse momento precisa de respostas novas, mais adequadas à realidade que nos apresenta.

O senhor é o primeiro Arcebispo negro na história de Feira de Santana. Considera esse fato relevante?

Creio que o Brasil, que viveu 300 anos de escravidão, ainda não conseguiu superar, reparar esse crime que lesa a humanidade. Observo, como bispo, como negro, como afrodescendente, a importância e o valor da cultura africana para formação do povo brasileiro. Tenho consciência de que o protagonismo negro é muito valioso para a formação de uma nova mentalidade, de uma nova civilização.

Trabalhar ao lado de Dom Itamar, que atuou quase 21 anos na Arquidiocese de Feira de Santana e com alguns trabalhos sociais reconhecidos pela sociedade, é confortável para o senhor?

Para mim é motivo de graça poder ter essa colaboração tão importante, estar com este irmão do episcopado caminhando juntos, ele que tem servido a essa Igreja e continuará servindo a esse processo de evangelização, a essa missão que não é só minha, é de todos nós. Eu peço e agradeço a Deus essa colaboração tão importante.


Por Clécia Azevedo

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