BRASÍLIA - Eike
Batista tinha o império X, bem de acordo com a paixão da família pelo Japão.
Mas as empresas ruíram e o que sobra é uma grande história a ser contada, com
cenários de contos de fadas, bastidores sórdidos, personagens controvertidos.
De um lado, o mítico Eike, que teve tudo na vida,
foi casado com o símbolo de desejo do país e sonhou ser o homem mais rico do
mundo. Chegou bem perto, na 8ª posição.
De outro, os médicos, engenheiros e
assalariados em geral que jogaram nas chamas da assembleia do reino de Eike
seus recursos, sua inocência e a falta de informações confiáveis. Foram dormir
acreditando na solidez e nas perspectivas apetitosas das companhias de Eike.
Acordaram num pesadelo sem fim.
Essas histórias pavorosas se repetem, com empresas
que estavam no céu e vieram abaixo a caminho do inferno, levando de roldão as
economias de seus clientes como se fossem dízimos de fiéis incautos.
Há a lembrança fresca da Encol, que, dias depois de
reluzir na capa da "Gazeta Mercantil" como estrela entre as
empreiteiras, deixou na mão 11 mil funcionários e 42 mil crentes (como eu) que
compraram imóveis e nunca receberam nem o imóvel nem o dinheiro de volta.
E quem se esqueceu de Edemar Cid Ferreira, do Banco
Santos, e Ângelo Calmon de Sá, do Econômico? Eles tinham riqueza, ostentavam
riqueza, exalavam riqueza. O mundo deles desabou na cabeça dos que foram levados
a acreditar num reino de Deus aqui na terra brasilis. No céu, o lucro era
principalmente deles. No inferno, a desgraça maior é dos correntistas e
investidores.
Eike Batista deve tantas explicações quanto Edemar,
Ângelo e Pedro Paulo de Souza, da Encol, entre tantos "pastores" que
estão por aí. Quem, como, onde e por quê? De onde veio e para onde foi o
dinheiro?
Entre meias
verdades, as vítimas vão para o inferno e os réus ficam eternamente no limbo da
boa vida.
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