domingo, 12 de agosto de 2012

Terreiros de Candomblé comemoram dia dos pais com várias festividades


Neste domingo (12), quando é celebrado o Dia dos Pais, os terreiros Casa de Oxumarê e Ilê Axé Opô Aganju estão em festa. Nas duas casas de candomblé, os líderes religiosos são babalorixás, conhecidos popularmente como pais de santo. Assim como já diz a expressão, os líderes religiosos dos dois terreiros revelam a relação de paternidade que possuem com os filhos de santo iniciados por eles na religião de matriz africana. “O amor que eu tenho pelos meus filhos verdadeiros é o mesmo que eu tenho pelos meus filhos de santo”, revela o babalorixá Balbino de Paula, líder religioso do terreiro Ilê Axé Opô Aganju, localizado no município de Lauro de Freitas, região metropolitana da capital baiana, Salvador.
Festa do Dia dos Pais em Terreiro de Candomblé
Para Balbino, o respeito que existe nas relações dentro do candomblé às vezes é maior do que o que é mantido dentro de casa. “O respeito que o filho tem pelo pai de santo às vezes supera o do pai natural”, afirma o babalorixá. Segundo ele, que já é bisavô e possui três filhos biológicos (um deles faleceu há cinco anos, vítima de um infarto), o segundo domingo de agosto é dia de comemorar. “É um dia especial. Primeiro do pai Xangô (orixá patrono do terreiro) e depois pra mim”, diz Balbino. Ele ainda conta que desde o último dia 10 recebe ligações dos filhos de santo para desejar feliz dia dos pais, pois no domingo normalmente as linhas telefônicas ficam ocupadas por conta do número de ligações que recebe para homenageá-lo.
Porém, além do carinho e amor entre pai e filhos no terreiro Opô Aganju, tem também o momento do “puxão de orelha”. “Se eles erram, eu chamo em particular e oriento. Eu desejo que todos os filhos respeitem seu pai e isso vale para o pai biológico e o pai de santo”, alerta Balbino.
Segundo o babalorixá Sivanilton da Mata, do terreiro Ilê Oxumarê Araká Axé Ogodô (Casa de Oxumarê), mais conhecido como Babá Pecê, o pai de santo tem um papel muito importante na vida do filho de santo. “A gente dá carinho, amor, mas também puxamos as rédeas. Às vezes tem pai e mãe que pede que eu aconselhe o próprio filho, pois diz que ele só vai escutar a mim”, afirma Babá Pecê. O líder da Casa de Oxumaré também conta que não possuía uma relação muito próxima com o pai biológico e que o único pai verdadeiro para ele é o orixá. “Oxumarê é o pai acima de mim, pois ele é o patrono da casa. Então, o grande pai é reverenciado hoje”, diz Babá Pecê. “O único pai que eu tenho é o meu orixá”, complementa.
O Dia dos Pais no terreiro Casa de Oxumaré, que fica no bairro da Federação, em Salvador, é comemorado logo cedo com uma missa na Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Após a celebração, uma cerimônia do candomblé seguida por um almoço é realizada no terreiro. “É disso que o mundo precisa. Reconstruir esses laços familiares porque a família está se perdendo e nós precisamos nos amar. O candomblé é uma família. Tem muitos filhos que dizem que a única família que tem de verdade sou eu”, conclui Babá Pecê, que não possui filhos biológicos, mas tem filhos de criação e também inúmeros filhos de santo espalhados por todo o país.

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