Por
Cristiana Menichelli
Reduto de pensadores, filósofos, cientistas e poetas, os primeiros cafés da história eram
Apesar
dos vários protestos, especialmente por parte das mulheres, gerados pela
novidade e tentativas de bani-las, o café e o hábito de bebê-lo fora de casa,
em locais específicos, tornaram-se parte da realidade européia. Os precursores
das cafeterias modernas e dos cibercafés rapidamente proliferaram pelas principais
capitais. Só em Paris havia cerca de 600 por volta de 1750. Entre eles, um em
particular avançou os séculos e preserva um passado que reforça a reputação de
ser o primeiro café da capital francesa. Fundado em 1686 pelo siciliano
Francesco Procopio dei Coltelli, notabilizou-se por abrir as portas ao público
feminino e servir pela primeira vez sorvete, ao lado de outras bebidas da moda
como chá e chocolate. Chamava-se Le Procope. Além dos artistas que costumavam
se encontrar no estabelecimento, instalado bem em frente ao teatro da antiga
companhia francesa de comédia, acolheu também uma clientela formada por
célebres escritores da época.
Piron,
Destouches, d'Alembert, Voltaire, Crébillon, Victor-Hugo, Rousseau, Diderot e
uma multitude de autores usavam o Le Procope como uma prolífica sucursal da
academia literária francesa e ainda como base para discussões de idéias
iluministas e revolucionárias. O escritor, filósofo, cientista e político
americano Benjamin Franklin, uma das principais figuras da independência de seu
país, era outra presença corriqueira, junto com o geógrafo e explorador alemão
Alexander von Humboldt. Ao longo de mais de 300 anos, a casa aberta por
Procopio testemunhou diferentes momentos históricos, relembrados em fotografias
de seus ilustres freqüentadores. Transformado mais tarde em restaurante e
funcionando até hoje no mesmo endereço, no número 13 da Rue de
l'Ancienne-Comedie, o venerando estabelecimento é uma prova viva de como o café
seduziu a Europa e conquistou o status de bebida da razão.
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