sábado, 28 de fevereiro de 2015

OMS quer melhoria no ambiente alimentar para combate à obesidade

 O grupo de trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) que trata do combate à obesidade infantil publicou, no último dia 18, um artigo no jornal britânico The Lancet, em que aponta a necessidade de os governos adotarem medidas que conduzam à melhoria da salubridade dos ambientes alimentares. As informações são da Agência Brasil.
OMS quer melhoria no ambiente alimentar para combate à obesidade 
Um dos autores do artigo é o brasileiro Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. O grupo se reuniu em novembro do ano passado e tem um novo encontro agendado para abril, na África do Sul. O objetivo é apoiar a OMS na tomada de decisões sobre as políticas que devem ser adotadas pelos países.
 
Entre uma reunião presencial e outra, os membros se dividem em subgrupos para avançar em tarefas específicas, como identificar experiências bem-sucedidas e barreiras para implementação de políticas de prevenção de obesidade.
 
O nutricionista ressaltou, porém, que não se trata apenas de combater a obesidade infantil, uma vez que “a obesidade faz parte de um ciclo de vida”.  No momento, a equipe da OMS está montando um sistema de responsabilização, monitoramento e implementação. A proposta apresentada por Gomes visa a identificar a obesidade como uma expressão de falência no sistema alimentar. A obesidade não é causada pelo fato de as pessoas estarem comendo mal e não praticarem atividade física.
 
O grupo dedica-se a mapear essas causas o mais longe possível, até os limites mais macropolíticos, disse o nutricionista do Inca. Isso abrange desde políticas que definem o espaço urbano até políticas de preços de produtos que garanta a todos alimentação mais saudável. Mapeando desde os elementos mais próximos do indivíduo, relacionados à educação alimentar, até questões mais estruturais, o grupo poderá identificar quais são os atores responsáveis pela implementação dessas ações e como eles devem atuar para que se viabilizem.
 
Do ponto de vista da regulação, Gomes disse que os governos precisam avançar na aprovação de leis que possam, por exemplo, restringir a publicidade de alimentos e o uso de personagens infantis no rótulo de alimentos que estimulam a compra e o consumo pelas crianças. O trabalho visa também a identificar espaços em que a sociedade civil possa expor práticas das indústrias ligadas ao superestímulo do consumo de alimentos não saudáveis.
 
Vários países na América Latina já modificaram rótulos de alimentos para oferecer informações mais claras e advertências sobre consumo e para regular a publicidade, principalmente dentro das escolas, destacou o nutricionista. No Brasil, resolução recente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) caracterizou a propaganda abusiva para alimentos infantis.
 
Na próxima reunião da equipe, serão apresentadas as primeiras conclusões do subgrupo de trabalho de combate à obesidade da OMS. Esse subgrupo interage com outro que avalia as evidências científicas da relação dos fatores de risco para ganho de peso e obesidade e está integrado à comissão para erradicação da doença no mundo. A meta é construir um conjunto de recomendações e de politicas no âmbito da OMS.

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