Mabel Nascimento, médica psiquiátrica |
Modificar o sistema de
tratamento clínico da doença mental, acabar com a internação em sanatórios e
manicômios, uma vez que isso consiste em exclusão social. Este é o objetivo da
Reforma Psiquiátrica que, para muitos médicos especialistas não passa de uma
política eleitoreira, que ainda está no papel.
Em
Feira de Santana,
médicos que já trabalharam no Hospital Especializado Lopes Rodrigues e
ainda continuam tratando pessoas com transtornos mentais, são a favor da
reforma. Segundo a psiquiatra Mabel Nascimento, a reforma deveria
acontecer com a substituição do
internamento por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial,
visando a integração do paciente que sofre de transtornos mental à comunidade.
Lamentando a falta de
atenção dos governantes para com o problema, a médica destacou que em Feira de Santana existem
aproximadamente 500 pacientes cadastrados e atendidos no Hospital Especializado,
que ainda é conhecido por muitos como Colônia. “Para esse total temos apenas quatro
residências terapêuticas, o que considero muito abaixo do mínimo necessário”, frisou.
Enquanto
a reforma não sair da teoria e da retórica a luta por uma assistência
mais efetiva e mais digna ao portador de distúrbio mental deve
continuar.
Também
defensor da reforma, o médico psiquiatra Paulo
Amado salienta que saúde mental não depende só de medicação mas está
relacionada a outros fatores como educação e estrutura familiar.
Antenor Fonseca, médico especialista em saúde mental |
“Discuto
o assunto há
muito tempo, e percebo que aqueles pacientes tratados de forma digna e
humana apresentam mais condições de serem reintegrados ao meio familiar e
social em comparação aos tratados pelo métodos antigos”,
disse Amado.
Posição
contrária
Contrário ao
posicionamento da médica Mabel Nascimento, o psiquiatra Antônio Ferreira
desacredita no trabalho realizado pelo CAPS. “Logo no início começa tudo muito
bem, depois aglomeram-se vários pacientes e assim não conseguimos fazer um bom
trabalho. No consultório, tenho mais oportunidade para avaliar
cuidadosamente cada paciente e fazer uma anamnese com calma”, justificou.
Concordando
em parte
com o posicionamento do psiquiatra Ferreira, o médico santo-estevense,
especialista em saúde mental, Antenor Fonsêca, ressalta que existem
pacientes
que não têm condições de estarem sob cuidados da família. “Chega sempre
ao consultório mães chorando, alegando que têm filhos com transtornos
mentais, agressivos e que não têm condições de cuidar e arcar com as
despesas de medicamentos. Não é sempre que o governo cumpre com sua
obrigação de abastecer os
postos de saúde com medicação”, pontuou.
Clécia Azevêdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário