quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Reforma Psiquiátrica ainda divide opiniões

Mabel Nascimento, médica psiquiátrica


Modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, acabar com a internação em sanatórios e manicômios, uma vez que isso consiste em exclusão social. Este é o objetivo da Reforma Psiquiátrica que, para muitos médicos especialistas não passa de uma política eleitoreira, que ainda está no papel.
Em Feira de Santana, médicos que já trabalharam no Hospital Especializado Lopes Rodrigues e ainda continuam tratando pessoas com transtornos mentais, são a favor da reforma. Segundo a psiquiatra Mabel Nascimento, a reforma deveria acontecer  com a substituição do internamento por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, visando a integração do paciente que sofre de transtornos mental à comunidade.
Lamentando a falta de atenção dos governantes para com o problema, a médica destacou que em Feira de Santana existem aproximadamente 500 pacientes cadastrados e atendidos no Hospital Especializado, que ainda é conhecido por muitos como Colônia.  “Para esse total temos apenas quatro residências terapêuticas, o que considero muito abaixo do mínimo necessário”, frisou.
Enquanto a reforma não sair da teoria e da retórica a luta por uma assistência mais efetiva e mais digna ao portador de distúrbio mental deve continuar.
Também defensor da reforma, o médico psiquiatra Paulo Amado salienta que saúde mental não depende só de medicação mas está relacionada a outros fatores como educação e estrutura familiar.
Antenor Fonseca, médico especialista em saúde mental
“Discuto o assunto há muito tempo, e percebo que aqueles pacientes tratados de forma digna e humana apresentam mais condições de serem reintegrados ao meio familiar e social em comparação aos tratados pelo métodos antigos”, disse Amado.

Posição contrária
Contrário ao posicionamento da médica Mabel Nascimento, o psiquiatra Antônio Ferreira desacredita no trabalho realizado pelo CAPS. “Logo no início começa tudo muito bem, depois aglomeram-se vários pacientes e assim não conseguimos fazer um bom trabalho. No consultório, tenho mais oportunidade para avaliar cuidadosamente cada paciente e fazer uma anamnese com calma”, justificou.
Concordando em parte com o posicionamento do psiquiatra Ferreira, o médico santo-estevense, especialista em saúde mental, Antenor Fonsêca, ressalta que existem pacientes que não têm condições de estarem sob cuidados da família. “Chega sempre ao consultório mães chorando, alegando que têm filhos com transtornos mentais, agressivos e que não têm condições de cuidar e arcar com as despesas de medicamentos. Não é sempre que o governo cumpre com sua obrigação de abastecer os postos de saúde com medicação”, pontuou.

 



 
Clécia Azevêdo

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