Andrea Trindade
O coordenador nacional da ONG Movpaz, Clóvis Nunes, concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (4), na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), em Feira de Santana, na presença de seu advogado Ricardo Morais. O objetivo, segundo Clóvis, foi anunciar publicamente sua inocência diante das acusações de fraude na Campanha do Desarmamento.
Em suas declarações, Clóvis afirmou que se houve fraude, a irregularidade ocorreu no 1º Batalhão da Polícia Militar (1º BPM), que foi credenciado em Brasília como local de entrega voluntária de armas da campanha. Segundo ele, a Casa da Paz, sede da ONG, funcionava como posto auxiliar.
“Se houve fraudes nas guias, essas fraudes foram construídas dentro do batalhão, nunca na Casa da Paz. E se algum voluntário recebeu a guia na Casa da Paz, foi fornecida indevidamente pelos policiais. Não sei o motivo, se por acúmulo de trabalho, nunca imaginei que houvesse guias fantasmas de armas que não existem”, disse.
Clóvis disse que acredita nas investigações da Polícia e afirmou que está com a consciência tranquila. Ele teve o sigilo bancário aberto pela Justiça Federal, e não foram encontrados indícios de entrada de dinheiro na conta.
“Sou um cidadão de classe média, ganho pouco, tenho cinco filhos, e tive minha família atormentada pela dor de uma injustiça profunda de quando estava preso (...) Confiei na Polícia Militar, confiei nos voluntários da Casa da Paz e fui traído pelos dois. Não assumo qualquer responsabilidade sobre fraude”, destacou.
Clóvis contou como era a rotina da emissão de guias de entregas voluntárias: “O entregador da arma chegava, nós a amassávamos com uma marreta e depois da arma danificada na presença do entregador os policiais que avaliavam a arma conosco chamavam uma viatura por volta do meio-dia para levar as armas para o 1º BPM. Horas depois ou no outro dia, o coordenador se dirigia ao batalhão e pegava a guia de indenização que só podia ser retirada com uma senha pessoal e intransferível, fornecida pelo Infoseg, que emitia a guia no computador cadastrado. Eu nunca coloquei minhas mãos em nenhum computador do 1ª BPM”, afirmou.
Senha - Clóvis, disse que nunca recebeu senha do coronel Martinho, da Polícia Militar, e que seu irmão, Carlos Nunes, nunca passou a senha que teria sido fornecida pelo coronel.
Prisão - Na prisão ele disse que foi vítima de rejeição e de gozação quando dizia que não era culpado. “Fiquei preso com homens perigosos e depois de dialogarem comigo por duas horas eles acreditaram na minha história. Um deles, que é um preso difícil, disse que viu nos meus olhos que eu fui o primeiro homem inocente a entrar no presídio. Ele revelou que já tinha produzido muitas mortes e que quando me viu na televisão amassando uma arma ficou com muito ódio. Depois que eu expliquei a campanha ele disse, com lágrimas nos olhos, que entregaria a arma dele”, contou.
Com informações do repórter Ed Santos do programa Acorda Cidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário