RIO — Não existem muitos documentários sobre jornalistas, mas também não existiram muitos jornalistas como Tim Lopes. Tim foi repórter, com curiosidade, coragem, precisão e senso cívico. Foi amante de samba e futebol. Foi premiado, fez amigos por onde passou e deixou histórias para contar. Mas foi também pai. E é nisso que se apoia e se diferencia “Histórias de Arcanjo — Um documentário sobre Tim Lopes”.
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Jornalista Tim Lopes em banco de praça |
— A nossa proposta foi colocar o filho, e não o jornalista, para ir atrás das histórias sobre o Tim — explica o diretor do documentário, Guilherme Azevedo, que trabalhou com Tim na TV Globo. — Ele contou as histórias do ponto de vista dele, como ele sofreu pela perda do pai.
Momentos dramáticos
Arcanjo era o nome verdadeiro de Tim, um repórter com passagens pelo GLOBO, “Jornal do Brasil” e “O Dia”, entre outros veículos. Quando foi capturado por bandidos da Vila Cruzeiro, Tim trabalhava para a TV Globo e apurava, com uma câmera escondida, um possível baile funk promovido pelo tráfico.
— Para mim, foi importante esse processo (de fazer o filme), hoje eu me sinto mais leve — diz Bruno. — Só que, para chegar até aqui, houve momentos em que fiquei muito mal.
Numa cena, por exemplo, Bruno sobe até o campo de futebol onde Tim foi morto. Já nas entrevistas com amigos, parentes e colegas de profissão, muitos se referem a Tim como “pai”. Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo e Esportes da TV Globo, afirma no filme que “a imprensa tem uma parcela de culpa na situação a que o Rio chegou: a gente ficou anestesiado. E quem desencadeou essa consciência foi o martírio do Tim”. Já um morador da Vila Cruzeiro diz que o assassinato serviu para “favorecer” a comunidade, porque os governos passaram a prestar mais atenção à favela.
Depois de Paris, “Histórias de Arcanjo” será inscrito em outros festivais, até chegar ao circuito comercial de cinema, em data ainda não decidida.
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