quinta-feira, 24 de abril de 2014

Brasil concentra metade dos assassinatos de ecologistas em todo o mundo


Nesse espaço de tempo, há registros de 908 mortes em 35 países, relacionadas a disputas por recursos naturais no que tange, especialmente, à exploração industrial de florestas, minas e direitos de utilização de terras. As áreas geográficas mais afetadas são América Latina e Ásia-Pacífico.
As comunidades indígenas seriam as mais afetadas, expostas à exploração por interesses econômicos de grandes corporações. "Em muitos casos, [os índios] só têm conhecimento de um negócio contra seus interesses quando as retroescavadeiras chegam aos seus respectivos territórios e florestas", destaca o documento.
Além das mortes, o relatório evidencia que os conflitos são permeados por um conjunto de violências, tais como intimidação, ameaças, estigmatização e criminalização dos ativistas.A Comissão Pastoral da Terra (CPT), fonte dos dados relativos ao Brasil, contesta a interpretação da Global Witness, apontando que o contexto brasileiro é um dos poucos assinalados sistematicamente no mundo, o que levaria, portanto, a concentrar mais registros. Além disso, a ONG esclarece que os números absolutos oferecidos pela CPT à Global Witness se referem a crimes praticados em conflitos no campo, referentes a questões diversas, não somente ao direito à terra ou ao meio ambiente.
Segundo o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, em entrevista à Adital, em outros países latino-americanos, como Guatemala, Honduras e Colômbia, também ocorre esse tipo de assassinato com frequência.
"É uma questão de alguém que esteja interessado em ver e anotar", explica. Ele avalia que a falta de registro e divulgação acaba por refletir na impunidade dos casos. "O campo é invisível para a sociedade brasileira. Se morrer um lá, não tem repercussão", lamenta. "Os indígenas, quilombolas, ribeirinhos ainda são vistos como empecilho para o desenvolvimento do Brasil", avalia Canuto.Integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição concorda que a falta de registro é um problema, mas destaca que a primeira demanda do setor é política.
"É garantir o assentamento aos sem terra, a demarcação de terras dos indígenas e quilombolas e incentivar a agricultura sustentável; e não o governo investir tão fortemente no agronegócio, na concentração de renda. Isso é o que eleva a violência no território brasileiro", pontuou.
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d532f8e870faf8a0d8f6433b7952f38d&cod=13526

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