quarta-feira, 30 de abril de 2014

DIA DO TRABALHADOR

Manoel Lobo
Primeiro de maio.
No discurso oficial, celebra-se o trabalho humano na sua acepção genérica e não a luta dos trabalhadores que pagaram com sangue a obtenção da jornada de oito horas, na passeata de primeiro de maio de 1886 em Chicago, e também, mais de 130 mil mulheres grevistas, queimadas numa fábrica de Nova York.
Hoje, ao contrário do que pregam os patrões e o governo, muito pouco, ou quase nada mudou.
O trabalho escravo perdura no Brasil do século XXI. A exploração do trabalhador brasileiro ainda não foi erradicada; a toda hora a imprensa denuncia o trabalho forçado em condição análogo à de escravo, de forma degradantes e abomináveis, que fere os direitos e garantis fundamentais do mais sagrado: A dignidade humana. Uma série de fatores propicia tal prática: a desigualdade social/econômica e a impunidade. A desigualdade social é fruto da má distribuição de renda, onde uns são muito ricos e a maioria muito pobre.
Quanto ao Negro - A discrepância da realidade social e econômica entre negros e brancos é o cerne da discussão determinante no cenário econômico em diferentes períodos. Em terras brasileiras, a força de trabalho dos negros foi sistematicamente empregada pela lógica do abuso e da violência. As longas jornadas de trabalho estabeleciam uma condição de vida extrema. Ainda hoje, a escravidão deixa marcas profundas em nossa sociedade. Entre estas, destacamos o racismo como a mais evidente. A “africanidade” dos cabelos problematiza a atuação do negro como mão de obra desvalorizada. Triste constatação.
Quanto a Mulher – O trabalho da mulher sempre foi valioso para o progresso da humanidade; no entanto a mão de obra feminina continua sendo considerada inferior à do homem. Ainda discriminada na sociedade brasileira como um todo, apesar de representar, atualmente, metade da população do país. Além da exploração de classe, da dupla jornada de trabalho, dos baixos salários, sofre, também, a opressão do sexo que impõe uma rígida divisão de trabalhadores e de papéis sociais; isso se reflete nas esferas econômica, social, política e ideológica, prevalecendo o machismo ultrapassado brasileiro.

Quanto a Criança - O país ainda tem mais de  quatro milhões de crianças e adolescentes no mercado formal e informal. Segundo os mais recentes dados do IBGE.

O trabalho antes dos 14 anos provoca a perda da alegria natural da infância e transforma a criança num adulto antes do tempo, facilitando o fracasso e o abandono escolar.
A exploração infanto-juvenil remonta à colonização do Brasil, época em que houve rapto, comercialização e escravização dos negros africanos. Nesse tempo, crianças e adolescentes negros eram tratados como se não existissem, como se não fossem detentores de direito algum. Aos 12 anos, as crianças negras já eram consideradas adultas para todos os efeitos, inclusive o laboral.
Após a abolição da escravidão, o trabalho infantil foi fortemente explorado, haja vista sua mão de obra barata, bem como sua fácil dominação por parte dos senhores. Os que defendem o trabalho infantil alegam que é uma boa forma de impedir a delinqüência em caso de abandono, como se todas as crianças de classes mais baixas já nascessem com uma predisposição para a delinqüência.

"A exploração da mão-de-obra infantil rouba ao menino ou menina o direito de ser criança".

Triste admitir, que de Getúlio Vargas até aqui, muito pouco se fez pela classe trabalhara brasileira. Com ilusões perdidas, histórias em marcha à ré e falsa percepção de progresso, a classe trabalhadora se descobre por subtração e não por soma de valores agregados.
Por todo exposto, mais apropriado, então, é referir-se ao dia 1° de maio como “Dia Internacional do Trabalhador”, em memória dos mártires de maio. E, como reconhecimento maior, que os empregadores, ofereçam salários fidedignos aos seus empregados, homens e mulheres igualmente; e que o Governo proteja as nossas crianças escravizadas e lhes ofereçam a ESCOLA como principal ocupação.
Que nos falte a força necessária para mudar; mas  nunca a  coragem para pregar a mudança... Que nesse primeiro de maio os trabalhadores brasileiros vistam a camisa do seu município, do seu estado ou do país, conclamem os justos, enfrentem os "poderosos" e tentem construir algo mais justo e igualitário. "Quando o capital se acovarda, o trabalho morre".

Por Manoel Lobo


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