Imagem: Arquivo pessoal
|
Ao analisar o resultado da biópsia, o mastologista, a principio, recomendou a retirada de um quadrante da mama afetada, mas ao se consultar com o oncologista Luis Café, que acompanhou todo o tratamento de Isolda, ele foi taxativo: para não correr o risco do câncer retornar, era preciso a retirada de toda a mama. “Claro que, na hora, você se abate. A gente que é mulher, vaidosa, feminina, perde o chão quando ouve uma coisa daquela”, confessa Isolda. “Mas eu decidi lutar por minha vida”.
Ela não contou a ninguém da família sobre o problema, porque sua
mãe estava em cima de uma cama, com suspeita de câncer na coluna, e seu
irmão mais velho tinha passado a pouco tempo pela mesma doença. “Só
falei com uma prima e seu marido, que são médicos, para buscar
orientação. Enfrentei o início do tratamento praticamente sozinha”. Após
um mês do diagnóstico, Isolda fez a cirurgia para retirada da mama e
começou, em seguida, a radioterapia. “Foi um mês inteiro tomando
medicação diariamente”, relembra ela. Depois, vieram as sessões de
quimioterapia – cinco, no total.
Mas Isolda nunca perdeu a esperança e a fé na vida. “Pedi muito
discernimento a Deus durante todo o processo. Nunca entrei em depressão.
Ao contrário: as pessoas iam me visitar e eu é que era a psicóloga,
quem botava o clima para cima”, conta. “Sempre digo às pessoas que tem
ou tiveram câncer: não se questionem ou questionem Deus. Agradeçam a Ele
e façam o que é preciso ser feito”, reflete.
No ultimo dia 17/10, Isolda conquistou uma importante vitória
contra a doença. Conclui a ultima caixa do medicamento que usou durante
cinco anos para combater um possível retorno da doença. “Para ser uma
mulher que nem eu, que ter muito peito”, brinca Isolda, que até hoje não
fez a reconstituição da mama e ainda assim está bem resolvida com o
próprio corpo.
Recompensas – Antes mesmo do fim do tratamento, Isolda
realizou o desejo de ser mãe, ao adotar o pequeno Irrajy, atualmente com
4 anos. “Deus me deu meu filho de presente. Quando ele chegou, eu
estava tão fraca por causa do tratamento, que quase não conseguia
carregá-lo. Mas ele foi uma das coisas que me deram animo e vontade de
viver ainda mais”, afirma sorridente.
Em meio ao tratamento, Isolda também descobriu uma paixão inusitada
para o universo feminino – o motociclismo. Ela chegou a fundar até um
motoclube só para mulheres: o Loiras Estradeiras, em Serrinha. “Funciona
para mim como uma terapia. Além de ser muito bom participar dos eventos
e competições de moto, inclusive disputando com os homens”, explica a
motoqueira.
Sobre seus planos para o futuro, Isolda não titubeia. “Coloquei
como propósito para Deus que meu filho se torne um médico e possa ajudar
a salvar muitas e muitas vidas, com a minha foi salva”. Ela até já
pendurou no quarto do filho um quadro com os seguintes dizeres: “Irrajy
Cadmo Pelegrini – Médico oncologista revelação do ano”. Alguém tem
dúvida de que esta mulher guerreira terá seu desejo realizado?
Silvia Dantas
Nenhum comentário:
Postar um comentário